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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

DIA NACIONAL DO CERRADO


O bioma Cerrado, desde 2003, tem um dia especial instituído pelo Decreto de 20.8.2003 e assinado pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. A instituição do dia 11 de setembro como o Dia Nacional do Cerrado, é importante para estimular a sociedade e as autoridades a pensarem mais sobre o que fazer em seu favor. 

O Cerrado é considerado a savana com a flora mais rica no mundo, tendo cerca de 5% de toda a biodiversidade do planeta. O segundo maior bioma do Brasil tem também grande importância social, pois muitas populações sobrevivem de seus recursos naturais, incluindo etnias indígenas, comunidades quilombolas e povos tradicionais que, juntos, fazem parte do patrimônio histórico e cultural brasileiro e detêm um conhecimento tradicional de sua biodiversidade. No entanto, mesmo sendo muito importante, o bioma Cerrado ainda não é reconhecido como Patrimônio Nacional.

Apesar de toda a riqueza, o Cerrado também é um dos biomas mais ameaçados do país. Segundo resultados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento nos Biomas Brasileiros por Satélite (MMA/Ibama/Pnud), entre 2002 e 2008, o Cerrado teve a sua cobertura vegetal suprimida em 85.074 quilômetros quadrados, o que representa uma taxa, nesse período, de aproximadamente 14.200 km²/ano. 

Pelo menos durante a semana em que acontece o Dia do Cerrado, sua importância deve ser discutida e, estando em pauta, ele se torna um pouco mais conhecido pela sociedade. E tornando-se conhecido, será possível ser mais valorizado, respeitado e preservado.




sábado, 12 de março de 2011

O REI DO CERRADO

Pertencente à família Caryocaraceae, o pequi é uma espécie vegetal de grande valor econômico para o bioma do Cerrado. Nesse ambiente, é registrada a ocorrência de duas espécies: Caryocar brasiliense e Caryocar glabrum.
 


A primeira espécie ocorre com mais freqüência do centro-sul de Goiás ao Mato Grosso do Sul, as plantas atingem até seis metros de altura, têm folhas largas e frutos arredondados de até dez centímetros de diâmetro. A segunda espécie é mais freqüente na bacia do médio Rio Tocantins e na vertente oeste do Rio São Francisco (oeste da Bahia, oeste e norte de Minas Gerais). A planta é maior que a primeira espécie e os frutos também.
A florada do Rei do Cerrado acontece nos meses de outubro e novembro e a coleta dos frutos entre os meses de dezembro e fevereiro. Das chapadas nasce, cresce e frutifica, apesar da hostilidade da terra e dos homens.
É como as aves do céu, os peixes dos rios, como pastagens nativas, como todos os frutos silvestres. Não tem dono certo. Dono é quem os colheu, os caçou e pescou.  "É tempo de pequi cada um cuida de si", velho ditado sertanejo. 
Um pequizeiro pode produzir até seis mil frutos, que vão amadurecendo paulatinamente e caindo... Não se apanha o fruto do pé.
Por isso é que quando o pequi começa a soltar os frutos, os campos se povoam de mulheres, homens e crianças. O convite se espalha. Os moradores próximos do pequizeiro levantam cedo. Três, quatro horas da madrugada. Os frutos sazonados caem durante a noite.
Em ambas as espécies, a castanha é recoberta por um invólucro rico em espinhos pretos e finos. O invólucro é revestido por uma polpa amarelada (às vezes mais esbranquiçada), pastosa, farinácea, oleaginosa e rica em proteínas e vitaminas A, C e E.
Quem chega primeiro pega o maior número.
Algumas famílias, bem integradas ao ciclo do pequi, mudam-se com armas e bagagens para dentro do pequizal, improvisando moradias de palhas de pindoba, e ali, permanecem toda a safra, de dezembro a fevereiro, realizando, toda a série artesanal do pequi-colheita, venda do fruto no mercado, produção do óleo de polpa, extração da castanha para paçoca e óleo branco, fabricação de sabão - três meses de atividade, alegria e fartura. 
As populações indígenas, caboclas e sertanejas têm utilizado o pequi de diversas maneiras: produção de óleo comestível, preparo de pratos e fabricação de licores, conservas, doces, geléias e sabões.





Conheça a lenda do Pequi:  http://www.altiplano.com.br/Pequi6.html

O Pequizeiro é escolhido a árvore simbolo de Minas Gerais: http://www.altiplano.com.br/0602pequi19.html

Fonte: Frutas Nativas dos Cerrados / José Antonio da Silva et all. - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados. Brasília: EMPRAPA - CPAC, 1994.  http://www.altiplano.com.br/Pequi2.html ; http://www.biologo.com.br/plantas/cerrado/pequi.html ;            http://www.arara.fr/BBPEQUI.html ; Fotos: José Felipe Ribeiro; Fábio Marçal; Ledinha Nardelli; Fábio Soares; Paulo de Tarso.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Cerrado como Patrimônio Nacional

                              Fonte: IBGE

No § 4º do artigo 225, Capítulo VI do Meio Ambiente, da Constituição da República Federativa do Brasil são consagrados como patrimônio nacional a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira e sua utilização deve ser feita de forma a assegurar a preservação do meio ambiente.

Acreditem se quiser: a Constituição Brasileira não reconhece o Cerrado (e nem a Caatinga) como Patrimônio Nacional. 

Juntas, as regiões do Cerrado e a Caatinga ocupam um terço do território nacional, entre o mar e a floresta amazônica. De periferia, passaram a centro, de sertão, a coração do Brasil. Abrigam terras e águas de grande valor, com áreas dinâmicas de agronegócio, como também áreas de pobreza persistente. As tradições seculares e milenares convivem com a modernidade da capital federal. Os dois biomas exercem funções ecológicas vitais para o conjunto do país. O futuro do Brasil depende destes biomas centrais. No entanto, seu nível de desenvolvimento e de investimento público é médio ou baixo e sua própria existência está ameaçada. 

Na Câmara dos deputados, grupos ambientais, sociais e parlamentares ligados as causas ambientalistas lutam pela votação e aprovação do Projeto de Emenda Constitucional - PEC nº 115, de 1995A PEC altera o artigo 225 da Constituição e incluem o Cerrado e a Caatinga como Patrimônios Nacionais. Essa alteração é importante por demonstrar um  reconhecimento oficial de que o Cerrado e a Caatinga são tão significativos para a sociedade brasileira quanto os demais biomas. Evidentemente, a aprovação da PEC por si só não acaba com a ameaça ao bioma, porém é um importante ponto de partida para que novas políticas públicas sejam implementadas visando a sustentabilidade do Cerrado. 


Confira e acompanhe o andamento da PEC do Cerrado no link abaixo:
http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=14403


10 FATOS RELEVANTES SOBRE O CERRADO

1. O Cerrado é a savana mais rica do mundo em biodiversidade, com a presença de diversos ecossistemas e elevado grau de endemismo (espécies exclusivas do bioma). É responsável por mais de 30% da biodiversidade brasileira.

2. Possui mais de 10 mil espécies de plantas, 837 de aves, 161 de mamíferos, 150 de anfíbios e 120 de répteis. 


3. Várias espécies como o tamanduá-bandeira, o lobo-guará, o tatu-canastra, a águia cinzenta e o pato mergulhão estão ameaçadas de extinção. 



4. Já foram destruídos 70% do Cerrado original, e dos 30% restantes, apenas 5% são de áreas suficientemente grandes para manter a biodiversidade, os outros 25% estão fragmentados e tendem a desaparecer.


5. O Cerrado é um dos hotspots de biodiversidade do planeta, um dos ecossistemas mais ricos e ameaçados da Terra; apenas 2,6% do Cerrado estão sob proteção de Unidades de Conservação, sendo que o Brasil tem um compromisso global assumido pela CDB de atingir 10% até 2010.


6. A devastação do Cerrado ameaça o fornecimento de água doce no Brasil, e pode levar o país a uma crise energética. O Cerrado abriga três das principais bacias hidrográficas brasileiras: Tocantins, São Francisco e Prata.


7. O Cerrado abriga imensa sociodiversidade de povos e comunidades tradicionais, indígenas, sertanejos, ribeirinhos e quilombolas, que estão com suas culturas ameaçadas pelo avanço das monoculturas.


8. O Cerrado cumpre um importante papel de ligação entre os biomas Mata Atlântica, Pantanal, Caatinga e Amazônia.


9. O ritmo de devastação é três vezes maior do que o da Amazônia, da ordem de 3 milhões de hectares/ano.


10. A estimativa é de que este bioma desapareça em 22 anos, caso o atual modelo predatório de desenvolvimento seja mantido.


Faça sua parte! Divulgue esta informação e ajude a salvar o Cerrado!
Movimento Cerrado Vivo


domingo, 30 de janeiro de 2011

Sobre o Cerrado Brasileiro



O Cerrado é a segunda maior formação vegetal brasileira. Estendia-se originalmente por uma área de 2 milhões de km², abrangendo principalmente os Estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Bahia, Piauí, Maranhão e Distrito Federal. Hoje, restam apenas 20% desse total.Típico de regiões tropicais, o cerrado apresenta duas estações bem marcadas: inverno seco e verão chuvoso. Com solo de savana tropical, deficiente em nutrientes e rico em ferro e alumínio, abriga plantas de aparência seca, entre arbustos esparsos e gramíneas, e o cerradão, um tipo mais denso de vegetação, de formação florestal. A presença de três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata) na região favorece sua biodiversidade . 

Estima-se que 10 mil espécies de vegetais, 837 de aves e 161 de mamíferos vivam ali. Essa riqueza biológica, porém, é seriamente afetada pela caça e pelo comércio ilegal.O cerrado é o sistema ambiental brasileiro que mais sofreu alteração com a ocupação humana. Atualmente, vivem ali cerca de 20 milhões de pessoas. Essa população é majoritariamente urbana e enfrenta problemas como desemprego, falta de habitação e poluição, entre outros. A atividade garimpeira, por exemplo, intensa na região, contaminou os rios de mercúrio e contribuiu para seu assoreamento. A mineração favoreceu o desgaste e a erosão dos solos. Na economia, também se destaca a agricultura mecanizada de soja, milho e algodão, que começa a se expandir principalmente a partir da década de 80. Nos últimos 30 anos, a pecuária extensiva, as monoculturas e a abertura de estradas destruíram boa parte do cerrado. Hoje, menos de 2% está protegido em parques ou reservas. 



Pequenas árvores de troncos torcidos e recurvados e de folhas grossas, esparsas em meio a uma vegetação rala e rasteira, misturando-se, às vezes, com campos limpos ou matas de árvores não muito altas – esses são os Cerrados, uma extensa área de cerca de aproximadamente 204 milhões de hectares, equivalente, em tamanho, a toda a Europa Ocidental. A paisagem é agressiva, e por isso, durante muito tempo, foi considerada uma área perdida para a economia do país

Entre as espécies vegetais que caracterizam o Cerrado estão o barbatimão, o pau-santo, a gabiroba, o pequizeiro, o araçá, a sucupira, o pau-terra, a catuaba e o indaiá. Debaixo dessas árvores crescem diferentes tipos de capim, como o capim-flecha, que pode atingir uma altura de 2,5m. Onde corre um rio ou córrego, encontram-se as matas ciliares, ou matas de galeria, que são densas florestas estreitas, de árvores maiores, que margeiam os cursos d’água. Nos brejos, próximos às nascentes de água, o buriti domina a paisagem e forma as veredas de buriti.



O Cerrado apresenta relevos variados, embora predominem os amplos planaltos. Metade do Cerrado situa-se entre 300 e 600m acima do nível do mar, e apenas 5,5% atingem uma altitude acima de 900m. Em pelo menos 2/3 da região o inverno é demarcado por um período de seca que prolonga-se por cinco a seis meses. Seu solo esconde um grande manancial de água, que alimenta seus rios. O Prof. Ivo das Chagas, de Pirapora/MG, especialista em Cerrado, diz com muita propriedade que o Cerrado é “o pai das águas”. Se não cuidarmos dele agora, é provável que dentro de pouco tempo ele deixará de cumprir essa importante função ambiental.